19/09/25

 

Nesta edição da seção “Artigo Destaque” do OPGH/Fiocruz, destacamos o artigo “Listas de espera na atenção ambulatorial especializada: reflexões sobre um conceito crítico para o Sistema Único de Saúde”, publicado em 2025 na Cadernos de Saúde Pública e disponível em Acesso Aberto. O texto é assinado pelos pesquisadores Elaine Maria Giannotti, Marília Louvison e Arthur Chioro, que oferecem uma análise crítica sobre os desafios enfrentados pelo SUS.

Objetivo

O artigo busca refletir sobre os principais desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com base nas experiências práticas e teóricas dos autores enquanto gestores em diferentes esferas do sistema.

Métodos

O estudo adota uma abordagem ensaística, fundamentada em reflexões teóricas e vivências práticas dos autores como gestores do SUS. A pesquisa não segue uma metodologia quantitativa tradicional, mas se baseia na análise crítica e na experiência acumulada dos profissionais envolvidos.

Resultados

O artigo apresenta quatro reflexões principais sobre os desafios enfrentados pelo SUS, destacando a importância da gestão eficiente, da participação social e da integração entre os diversos níveis de atenção à saúde.

Conclusão

As reflexões apresentadas no artigo oferecem insights valiosos para gestores e profissionais de saúde, contribuindo para o aprimoramento contínuo do SUS.

Comentário (equipe OPGH)
Por Simone Ferreira  

A gestão das listas de espera permanece um desafio para os gestores dos sistemas universais de saúde. Em 2017, o Conselho Federal de Medicina (CFM) dimensionou a fila para cirurgias eletivas e chegou ao valor de 904 mil pessoas aguardando a realização de um procedimento.  

Nos últimos anos, o problema do longo tempo para a realização de consultas, exames e internações tem tido destaque na agenda do Ministério da Saúde. 

Em resposta a esse cenário, diversas iniciativas foram implementadas. Em 2023, foi instituído o Programa Nacional de Redução de Filas (PNRF) (Portaria GM/MS nº 90/2023), com foco na ampliação do acesso a cirurgias eletivas, exames e consultas especializadas – uma estratégia voltada para enfrentar a demanda reprimida no contexto pós-pandemia. No mesmo ano, foi criada a Política Nacional de Atenção Especializada em Saúde (PNAES) (Portaria GM/MS nº 1.604/2023), e, em 2024, o Programa de Expansão e Qualificação da Atenção Ambulatorial Especializada (PMAE) (Portaria GM/MS nº 3.492/2024) passou a estruturar de forma mais ampla o acesso à atenção especializada, com destaque para a criação das Ofertas de Cuidados Integrados (OCI). 

Em 2025, essas iniciativas foram unificadas no Programa Agora Tem Especialistas (Medida Provisória nº 1.301/2025; Portaria GM/MS nº 7.266/2025), que amplia a oferta de serviços e diversifica as estratégias de enfrentamento das filas, incluindo parcerias com o setor privado, credenciamento de prestadores e o uso da telemedicina.

O artigo de Giannotti, Louvison e Chioro aborda o problema sob a ótica dos processos de redução do tempo de espera e da qualificação da gestão das listas, destacando quatro estratégias principais para seu enfrentamento: (i) Utilização de protocolos de regulação baseados em risco e vulnerabilidade; (ii) Monitoramento contínuo dos tempos de espera; (iii) Adoção de dispositivos de cuidado compartilhado, como teleconsultorias e o matriciamento entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a atenção especializada e; Transparência das listas de espera para gestores, profissionais de saúde e usuários.

Alinhados a essa agenda, alguns estados vêm implementando estratégias próprias de gestão das filas, com a adoção de metodologias específicas, envolvimento direto das equipes cirúrgicas na organização dos processos e monitoramento sistemático de indicadores de acesso e desempenho. Destaca-se neste sentido a experiência no uso do protocolo SWALIS - Surgical Waiting List Info System, que defini a estratificação dos pacientes em cinco categorias de prioridades: Categoria A1: Paciente com risco de deterioração clínica iminente. Necessidade de hospitalização. Categoria A2: Paciente com as atividades diárias completamente prejudicadas por dor, disfunção ou incapacidade. Risco de incurabilidade. Categoria B: Paciente com prejuízo acentuado das atividades diárias por dor, disfunção ou incapacidade. Categoria C: Paciente com prejuízo mínimo das atividades diárias por dor, disfunção ou incapacidade. Categoria D: Não há prejuízo para as atividades diárias.

Para saber mais sobre o protocolo Swalis e experiências de gestão de filas veja: 

Pazin-Filho, A., do Valle Dallora, M.E.L., Velasco, T.R. et al. Surgical waiting lists and queue management in a Brazilian tertiary public hospitalBMC Health Serv Res 24, 290 (2024). https://doi.org/10.1186/s12913-024-10735-4

Valente R, Di Domenico S, Mascherini M, Santori G, Papadia F, Orengo G, Gratarola A, Cafiero F, De Cian F; Collaborators. A new model to prioritize waiting lists for elective surgery under the COVID-19 pandemic pressure. Br J Surg. 2021 Jan 27;108(1):e12-e14. doi: 10.1093/bjs/znaa028. PMID: 33640936; PMCID: PMC7799261.

Secretaria Estadual de saúde do Ceará. Nota técnica. Fluxo de acesso às cirurgias eletivas no estado do Ceará. Nº01 Ceará – 14/10/2020.

Clique aqui e confira o artigo na íntegra!

Saiba mais